O evangelho de São João diz que Cristo, ao ressuscitar, nos deu a Água Viva, incorporando a Humanidade na Comunhão Divina.
Em seguida, o mesmo evangelho diz que a Água Viva é o Espírito Santo e que a fonte da qual brota é Cristo ressuscitado (Jo. 7, 37-39).
São Paulo diz que Jesus Cristo se tornou o Novo Adão, corrigindo as distorções que o primeiro Adão provocou na marcha da Humanidade.
Adão, diz o Livro do Génesis, ao virar as costas a Deus, fechou as portas do Paraíso à Humanidade (Gn 3, 23-24).
Jesus Cristo, o Novo Adão, veio para nos reconciliar com Deus e nos introduzir de novo no convívio com Deus, tal como acontecia com Deus no convívio primordial do Paraíso.
Eis o que Jesus diz ao Bom Ladrão no momento da sua morte e ressurreição: “Em verdade te digo, hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 42-43).
O evangelho de São Mateus confirma esta afirmação de São Lucas, dizendo que no momento da morte e ressurreição de Jesus os justos começam a ressuscitar com Cristo (Mt. 27, 52).
Ao vencer a morte, Jesus comunicou-nos o sangue da Nova Aliança, isto é, o Espírito Santo. De facto, é o Espírito Santo qual alimenta em nós a vida divina e nos incorpora na comunhão da Santíssima Trindade como membros da Família de Deus.
A Carta aos Romanos diz que o Espírito Santo é o vínculo amoroso que nos introduz na comunhão familiar de Deus como filhos e herdeiros de Deus Pai e como irmãos e co-herdeiro com o Filho de Deus (Rm 8, 14-16).
É também pelo Espírito Santo que o Filho de Maria e o Filho de Deus, sem se confundirem, fazem um e o mesmo Cristo.
Pelo facto de ser homem connosco Jesus está unido de modo orgânico a todos nós no íntimo do nosso coração.
Isto quer dizer que a Humanidade, organicamente unida a Jesus de Nazaré, faz parte do Cristo total.
Para explicar a união orgânica que nos liga a Jesus, o evangelho de São João diz que nós somos os ramos da videira cuja cepa á Jesus Cristo (Jo 15, 1-8).
Apesar de ser plenamente homem como nós, Jesus também pertence à esfera de esfera de Deus.
Por outras palavras, a interioridade espiritual humana de Jesus de Nazaré está unida de modo orgânico e interactivo à interioridade espiritual divina do Filho Eterno de Deus.
O princípio animador deste enxerto do divino no humano é o Espírito Santo. Foi por esta razão que Jesus Cristo, ao ressuscitar nos comunicou este mesmo Espírito Santo, a fim de animar a união orgânica que nos liga a ele.
São João vê na Eucaristia a celebração que explicita a nossa união orgânica com Cristo. A carne e o sangue que Jesus são o sinal do Espírito Santo que ele nos comunica, a fim de nos vivificar.
Eis as palavras de Jesus no evangelho de São João: “E se virdes o Filho do Homem ressuscitar e voltar para onde estava antes.
A carne não serve para nada. O Espírito é que dá vida. As palavras que vos disse são Espírito e Vida” (Jo 6, 62- 63).
E foi assim, diz a Segunda Carta aos Coríntios, que Cristo Ressuscitado se tornou a cabeça de uma Nova Criação reconciliada com Deus, pois Deus já não leva em conta os nossos pecados (2 Cor 5, 17-19).
Com Cristo ressuscitado, a Humanidade atingiu a plenitude dos tempos, isto é, a esfera da divinização mediante a assunção e integração na comunidade divina.
Por ser homem connosco, Jesus Cristo pertence à comunhão humana universal. Por ser Deus com o Pai e o Espírito Santo, pertence à comunhão da Santíssima Trindade.
Ao ser expulso do Paraíso, Adão ficou impedido de comer o fruto da Árvore da Vida, o qual dava a Vida Eterna às pessoas que o comessem (Gn 3, 23).
Jesus Cristo, ao ressuscitar, torna-se o Novo Adão que abre de novo as portas do Paraíso (Lc 23, 43).
Eis o ensinamento de Jesus no evangelho de São João: Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu hei-de ressuscitá-lo no último dia.
Na verdade, a minha carne é uma verdadeira comida e o meu sangue é uma verdadeira bebida.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e eu nele.
Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, assim também, quem me come viverá por mim” (Jo 6, 54-57).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias
Calmeiro Matias
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